Arte e antropologia sempre caminharam em sintonia. O gesto do pesquisador, como o do artista, é o de quem se lança ao mundo com a pele exposta, pronto para acolher o outro, em busca de forma, sentido e inspiração.
Ao sensibilizar as pessoas, um projeto de pesquisa entrega muito mais do que respostas acionáveis. Ele resgata propósitos, afetos e histórias que não se diluem facilmente no frenesi pela busca por resultados que, muitas vezes, turvam nossa humanidade e sintetizam nossa experiência.
Neste artigo reflito um pouco sobre a maneira como enxergo a pesquisa, sobre os reducinismos que o mercado aceita em nome da eficiência, e sobre a importância de resgatar o valor poético de um trabalho de pesquisa como forma de se reencantar pelo mundo e não apenas tirar proveito dele.
Consumir, para além da dimensão mercadológica sobre a qual marcas e profissionais se debruçam, é um exercício cultural e identitário.
É a partir das escolhas que fazemos diante de tantas possibilidades ofertadas que damos forma a quem somos, definimos a que grupos pertencemos e refletimos sobre o que de fato nos pertence e nos faz plenos.
Contudo, na ansia pelo novo, passamos a ser consumidos por aquilo que desejamos. O que antes servia para dar forma e materialidade à nossa experiência cotidiana, hoje é talvez o grande responsável pelo vazio de valores, propósitos e afetos que abala nossa existência e sanidade.
Neste artigo reflito como a cultura do descarte e o consumo do efêmero esvaziam o papel simbólico, afetivo e mnemônico dos objetos na vida contemporânea. Ancorado em reflexões sobre cultura material, memória e o papel simbólico do consumo, argumento que, ao transformarmos tudo em mercadoria descartável, perdemos não apenas vínculos, mas a própria capacidade de construir narrativas consistentes sobre quem somos.
Pode parecer inofensivo e corriqueiro se referir às pessoas como consumidoras, afinal, em uma sociedade de consumo, quando não estamos produzindo, estamos naturalmente consumindo. Mas e se essa palavra carregasse em si uma visão profundamente ideológica?
No artigo proponho uma reflexão sobre como o uso corriqueiro de termos como “consumidor”, “público-alvo”, “comprador” ou “cliente” estrutura uma relação assimétrica entre mercado e sociedade. Ao naturalizar essas palavras, acabamos reduzindo as pessoas a papéis utilitários, passivos, objetificados.
“Enquanto o pensamento lógico otimiza o que já conhecemos, o pensamento analógico nos leva a territórios não mapeados — por onde só se caminha com sensibilidade e escuta.”
No artigo, argumento que as pesquisas culturais — ao privilegiar o pensamento analógico — não apenas revelam insights e aprendizados, mas também servem de catalisadoras de rupturas criativas, capazes de expandir o campo simbólico de marcas e empresas.
É em seu papel cultural, na sua capacidade de transmitir uma mensagem e causar uma impressão, que as roupas ganham caráter político, principalmente diante de um cenário esvaziado de discussões e propostas, marcado por cortes e conteúdos de rápida absorção.
"A casa materializa, aterriza e dá o contorno necessário para o infinito que habita em nós. Sem a casa teríamos dificuldade para revisitarmos nossa história, nos reconhecermos, e, principalmente, nos reinventarmos. Sem a casa, viveríamos afogados no efêmero dos pensamentos, percepções e emoções."
Uma reflexão sobre o papel da casa sob a luz da Antropologia Visual e como a deteriorização simbólica deste espaço reflete as diversas crises que estamos vivendo.
"Quando a esfera pública se torna um espaço de consumo, a política passa a ser encarada como mercadoria e a cidadania, por sua vez, se resume ao direito de consumir."
Artigo em que reflito um pouco sobre o processo de esvaziamento da política, o papel do consumo no confinamento das pessoas em suas próprias necessidades e a importância de repensarmos as cidades como espaços de encontro, civilidade e construção coletiva.